34º CONSINASEFE: mesas de Conjuntura e de Educação elencam tarefas para o próximo período
O segundo dia do 34º Congresso do Sinasefe (CONSINASEFE) iniciou, na manhã da sexta-feira, 13 de maio, com a mesa de Conjuntura, que convocou as e os palestrantes a responderem ao seguinte questionamento: “qual é a principal tarefa da classe trabalhadora no atual momento?”. Participaram do debate Virgínia Fontes, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF); José Genoino, militante histórico do Partido dos Trabalhadores (PT); Valério Arcary, professor aposentado do Instituto Federal de São Paulo (IFSP); e Francieli Rebelatto, diretora do ANDES-SN.
Responsável pela primeira intervenção da mesa, a professora Virgínia Fontes classificou o atual momento como o de maior crise humana desde a Segunda Guerra Mundial. Crise expressa pela devastação ambiental, pelo endividamento público e privado, pelas mortes por Covid-19 e pela violenta retirada de direitos da classe trabalhadora.
“Não estamos só numa cruzada eleitoral, estamos numa luta em defesa da vida humana”, disse a docente ao se referir ao que está em disputa nas eleições de outubro desse ano para o Brasil.
José Genoino, segundo a realizar fala na mesa de Conjuntura, ponderou sobre a necessidade de, no atual momento, termos sabedoria para encontrarmos convergência de objetivos e superarmos a polarização política que tende a trabalhar em prol do bolsonarismo. “Precisamos desmontar as reformas que destruíram os direitos políticos e sociais da maioria da população. A polarização eleitoral é um produto da crise, da luta de classes e do nível do inimigo que estamos enfrentando”, concluiu.
Valério Arcary, atual militante do Psol, professor no IFSP e filiado ao Sinasefe, enfatizou em sua fala o papel central que os Institutos Federais tiveram na educação dos filhos e filhas da classe trabalhadora. “Os IFFs foram uma conquista histórica da sociedade. Hoje o Sinasefe está na dianteira da defesa dessas instituições”, destaca. O palestrante ainda lembrou o curto período de tempo restante para a derrota de Bolsonaro, por ele chamado de ‘inominável’, e a necessidade de vigilância constante da sociedade para que a ultradireita não promova, frente à derrota eleitoral, um golpe com vistas a se perpetuar no poder.
O mundo, com suas injustiças, privatizações e ataques, não vai mudar sozinho. Precisamos, pois, todos irmos à luta. Essa foi a mensagem final deixada por Arcary.
E lutar passa, também, por fortalecer os laços entre as e os trabalhadores e suas entidades de classe. É o que destacou Francieli Rebellato, representante do ANDES-SN. “Precisamos lutar. Lutar com ânimo. Lutar com coragem. Lutar sem medo. Lutar para transformar radicalmente a vida e criar condições objetivas e subjetivas para essa transformação. No ano da educação nós dizemos que queremos lutar e criar uma educação popular”, perspectivou a docente, defendendo o resgate e o fortalecimento das lutas em defesa do serviço público – responsáveis por barrar temporariamente, em 2021, o avanço da Reforma Administrativa na Câmara dos Deputados.
Após as explanações das e dos palestrantes, iniciaram-se as apresentações das teses de conjuntura, que podem ser conferidas aqui.
Desafios da Educação
Na parte da tarde, aconteceu a mesa de debates acerca do tema Educação, com a presença de Carla Jardim, Dante Moura, Raquel Caetano e Ricardo Marinho.
Professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Moura centrou sua fala nos impactos negativos acarretados pelo golpe de 2016 à educação pública, em especial à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Já Raquel Caetano, professora do IFF – Sapucaia do Sul, tratou dos impactos da reforma do ensino médio e do EPT na Rede Federal de Educação, expondo os prejuízos de um projeto que beneficia a lógica de mercantilização da educação, enfraquece a democracia interna dos colégios e institutos e flexibiliza direitos.
Ricardo Marinho, pós-doutor em políticas públicas, analisou as tarefas que se apresentam atualmente, traçando paralelos com as articulações realizadas durante a Segunda Guerra Mundial para derrotar o nazifascismo, a exemplo da unidade entre países capitalistas e a União Soviética, maior polo socialista da época. Para Marinho, derrotar Bolsonaro passa pela adoção de estratégia semelhante: a composição de uma grande frente contra o neofascismo.
Outro ponto salutar trazido pelo palestrante foi a necessidade de formulação de novas políticas públicas – dentre essas, as educacionais – para suplantarem as políticas de arrocho e de ataques implantadas após o golpe de 2016. “Não basta revogarmos a legislação sem termos a capacidade de construir uma legislação nova”, concluiu.
Encerrando a mesa, Carla Jardim, ex-reitora do IFF Farroupilha (RS), destaca o papel fundamental que a Educação joga na construção da soberania nacional e da independência do povo. Ela ainda traça um histórico do surgimento da Rede Federal de Educação, compromissada com a oferta de uma educação de qualidade e calcada na valorização de docentes e servidores. Compromissos também fragilizados após o golpe que destituiu Dilma Rousseff e alçou Michel Temer temporariamente ao poder.
Assim como na mesa de Conjuntura, após o encerramento das intervenções sobre Educação, passou-se à apresentação das teses sobre o tema.
O 34º CONSINASEFE teve início na quinta-feira, 12, e se estende até o domingo, 15 de maio, em Brasília (DF). A delegação do Sinasefe Santa Maria é composta pelos delegados Miriane Fonseca, José Abílio de Freitas e Adão Damasceno, e pelo observador Milton Ferrari
Imagens: Sinasefe