Cartilha do Sinasefe auxilia na identificação e combate ao racismo institucional

 Cartilha do Sinasefe auxilia na identificação e combate ao racismo institucional

O risco de um jovem negro ser vítima de homicídio no Brasil é 2,7 vezes maior que o risco enfrentado por um jovem branco. O dado consta no Atlas da Violência de 2018, onde também está sinalizado que o índice de homicídio de pessoas negras em nosso país chegou a 23,1%  em 2018, enquanto o de pessoas não negras teve uma redução de 6,8%. Esses números são trazidos na cartilha “Combate ao racismo institucional: essa luta também é sua”,  elaborada pelo Sinasefe com o objetivo de servir como instrumento de reflexão, debate coletivo e delineamento de ações para reconhecer e denunciar situações de opressão racial nas instituições brasileiras. O documento também traz uma série de indicações de livros e filmes que pautam a questão racial.

Uma vez que o Sinasefe representa docentes e técnico-administrativos em educação de colégios, universidades e institutos federais país afora, a cartilha ressalta a importância de mapearmos as formas de discriminação racial ainda persistentes em tais instituições – discriminações muitas vezes tão internalizadas nas estruturas e dinâmicas que parecem naturais e, por isso mesmo, dificilmente são identificadas e combatidas.

“O racismo institucional é uma ação recorrente nas instituições políticas e sociais. É uma prática rotineira que sistematicamente beneficia o grupo dominante enquanto desvaloriza e exclui outros. Por representar os ideais culturais dominantes, é difícil de ser identificado devido ao fato de se misturar com as práticas normatizadoras da instituição. Dessa forma, funciona como um ciclo de discriminação, geralmente como um discurso que repousa na capacidade ideológica de se naturalizar atitudes preconceituosas, ações racistas, comportamentos abusivos, os quais parecem inevitáveis e, sobretudo, necessários. Fundamentalmente, podemos entender o racismo institucional como a negação do acesso à participação plena de benefícios sociais e matérias socialmente reconhecidos”, aponta trecho da cartilha.

Após tipificar o que seriam considerados crimes raciais, a cartilha orienta as vítimas a procurarem as medidas protetivas necessárias, registrando denúncias nos órgãos especializados.

Estatísticas

Ao final da cartilha são trazidas uma série de estatísticas que revelam o abismo social ainda observado entre pessoas negras e pessoas brancas no que se refere à educação formal, à colocação no mercado de trabalho e à média salarial. Para se ter uma ideia, segundo o Instituto Ethos, em 2018 apenas 6,3% das vagas de gerência eram ocupadas por homens negros – número ainda mais baixo entre as mulheres negras, que ocupavam 1,6% de tais postos. Outro dado que assombra: enquanto 89% dos brancos e brancas ocupam o cargo de professor(a) de medicina, 74% dos negros e negras ocupam o cargo de trabalhador(a) do campo nas plantações de cana.

Na última semana, divulgamos em nosso site uma matéria com percepções de dirigentes e militantes do movimento negro de Santa Maria a respeito da importância de ações afirmativas e do papel da universidade na construção de uma sociedade antirracista. Leia aqui.

Faça o download da Cartilha “Combate ao racismo institucional: essa luta também é sua” aqui.

Bruna Homrich

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