DCE pede pelo adiamento da votação sobre novas formas de ingresso à UFSM

 DCE pede pelo adiamento da votação sobre novas formas de ingresso à UFSM

Nesta quinta-feira, 26 de janeiro, ocorreu remotamente a 983ª Sessão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFSM, para discutir e, em seguida, votar sobre a resolução normativa n. 23081.132994/2022-99, que regulamenta as formas de ingresso aos Cursos de Graduação da Universidade, dentre outras pautas. Contudo, devido ao pedido de vistas feito pelo Diretório Central dos e das Estudantes (DCE), o debate foi adiado para o próximo encontro do CEPE, que deve acontecer em 10 de fevereiro.

A proposta, elaborada ao longo de 2022 pela Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD), estabelece que a UFSM adote como forma de ingresso o Processo Seletivo Seriado (PSS) e o vestibular presencial, para além do Sistema de Seleção Unificado (SiSU), que, desde 2015, é a forma principal de entrar para a instituição. Segundo a resolução, os dois novos processos seriam incluídos gradativamente, da seguinte forma: 

  • Ingresso para o primeiro semestre de 2023 feito 100% pelo SiSU;
  • Ingresso para o segundo semestre de 2023 feito 70% pelo SiSU e 30% pelo vestibular (a ser realizado em julho de 2023);
  • Ingresso para o primeiro semestre de 2024 feito 70% pelo SiSU e 30% pelo vestibular (a ser realizado em janeiro de 2024);
  • Ingresso para o primeiro semestre de 2025 feito 70% pelo SiSU e 30% pelo vestibular (a ser realizado em janeiro de 2025);
  • Ingresso a partir do primeiro semestre de 2026 feito 30% pelo SiSU, 30% pelo vestibular (a ser realizado em janeiro de 2026) e 40% pelo PSS (que terá a primeira etapa realizada em janeiro de 2024, a segunda em janeiro de 2025 e a terceira em janeiro de 2026).

Assim como o SiSU, o vestibular e o PSS seguiriam as normas do sistema de cotas vigente.

Importante lembrar que a instituição já possui também processos seletivos específicos para indígenas; para os cursos de dança e música bacharelados; para refugiados e migrantes em situação de vulnerabilidade; para cursos EAD; e para ingresso e reingresso. A ideia é que essas formas de ingresso sigam vigorando e ainda se somem às novas propostas contidas na Resolução, que são: processos seletivos específicos para pessoas de comunidades quilombolas; com 60 anos ou mais; atletas de alto rendimento; medalhistas em competições de conhecimento; transgêneros; com deficiência; indígneas; dentre outras.

Justificativa da UFSM

Segundo o Reitor Luciano Schuch, a mudança na forma de ingresso serviria, principalmente, para que mais alunos cheguem até o final dos cursos, haja vista que a atual taxa de conclusão da UFSM está em 44%, número abaixo da meta estabelecida pelo Conselho Universitário, de 52%, como demonstra o gráfico da Pró-Reitoria de Planejamento (PROPLAN).

’’O ano em que o SiSU mais preencheu vagas na chamada regular foram [preenchidas] 43%. No último ano, sobrou vaga em Medicina e Odontologia, [que são] alguns dos cursos mais procurados‘’, relata o gestor da UFSM. Por isso, com a adoção de sistemas seletivos ‘’mais plurais’’, Schuch acredita que o preenchimento de vagas e a permanência estudantil apresentariam melhores indicativos. 

Caso aprovada, a Resolução implicaria em um acompanhamento regular dos impactos dos processos seletivos no preenchimento de vagas e na evasão. 

Posição do DCE

Apesar de o DCE, representado pelo acadêmico da UFSM, Daniel Balin, concordar com a adoção de processos seletivos voltados para grupos minoritários, a entidade se mostrou contra a implementação da medida. Isso porque o DCE acredita que ela restringe o acesso à Universidade a um perfil quase exclusivo de estudantes, justamente o que se buscou combater quando o antigo vestibular existia. Balin reforça ainda que, mesmo com a utilização do sistema nacional de ingresso, a instituição continuou com bons índices de regionalização: ‘’além de a economia da cidade não ter se desmantelado, ao contrário do que se alimentavam os boatos para defender o vestibular na época, o índice de regionalização teve uma melhora: 90% das vagas do SiSU são preenchidas por estudantes do Rio Grande do Sul, e 54%, de Santa Maria e região, [conforme] dados disponibilizados pela própria PROGRAD’’.

Somado a isso, o acadêmico afirmou que, para garantir que os alunos concluam a graduação, é preciso criar novas medidas de permanência estudantil, porque ‘’não podemos criar a ilusão de que mudar a forma de ingresso diminuirá a evasão.’’ 

Ao solicitar o pedido de vistas, Balin espera que o diálogo acerca da medida seja ampliado, já que até o momento ele estava sendo feito às pressas e sem a devida conversa com as entidades representativas. 

Sinasefe e sindicatos ligados à UFSM também são contrários ao enfraquecimento do SiSU

Na última quarta-feira, dia 25, o Sinasefe assinou uma nota em defesa do fortalecimento do ENEM e do SiSU como forma de ingresso ao ensino superior, em conjunto às demais entidades sindicais e estudantis que representam a UFSM (Sedufsm, Assufsm, Atens, APG e DCE). O texto foi elaborado com o intuito de repudiar a falta de debate em torno da minuta de resolução que regula as formas de ingresso nos cursos de Graduação.


Texto: Laurent Keller

Edição: Bruna Homrich

Laurent Keller

Estudante de jornalismo.

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