#DicadoSinasefe: Quarto de Despejo

 #DicadoSinasefe: Quarto de Despejo

21 de março foi Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial e, neste mesmo mês, a escritora Carolina Maria de Jesus completaria 108 anos se estivesse viva. Pensando em tais datas, o Sinasefe finaliza o mês de março indicando aos filiados e às filiadas o livro Quarto de Despejo.

Carolina Maria de Jesus

Escrito durante os anos 50, o livro em forma de diário autobiográfico nos revela a desigualdade social do período no Brasil, por meio das adversidades vividas e relatadas por Carolina Maria de Jesus, uma mulher preta e favelada.

O livro conta com uma linguagem coloquial, muitas vezes próxima à oralidade e até com alguns desvios da norma padrão da língua portuguesa, o que, no entanto, não prejudica nem enfraquece a leitura. Pelo contrário: os erros gramaticais colaboram para compreendermos quem é essa mulher, que pôde estudar por poucos anos de sua vida, assim como acontece, ainda hoje, com muitas brasileiras negras. Para se ter uma ideia, um estudo do IBGE de 2018 revela que apenas 10,4% das mulheres pretas e pardas conseguiram completar o ensino superior no Brasil.

Então, Quarto de Despejo traz uma perspectiva da favela que, até então, não havia sido explorada: a visão de dentro, de alguém que está imerso nesse meio e conhece as mazelas que nele existem, que incluem racismo, enfermidade, violência, negligência e fome.

Infelizmente, as dificuldades enfrentadas por Carolina continuam representando a realidade de grande parte da população, mesmo depois de mais de 60 anos da publicação do livro, o que torna a leitura da obra tão relevante até hoje.

Para finalizar a indicação, deixamos aqui um trecho do livro: ‘’escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a realidade.’’

Texto: Laurent Keller

Revisão: Bruna Homrich

Laurent Keller

Estudante de jornalismo.

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