Entidades reivindicam à reitoria que retorno presencial seja discutido coletivamente
O Sinasefe Santa Maria participou, na manhã desta terça-feira, 28, de uma reunião com a reitoria da UFSM para tratar sobre o retorno presencial das atividades administrativas na instituição. O encontro foi solicitado pelas entidades representativas dos segmentos (Sinasefe, Sedufsm, Assufsm, Atens e DCE) para questionar a Administração Central a respeito da portaria nº 32, divulgada na última quarta, 22 de setembro, com a determinação de que as atividades administrativas devem retornar à presencialidade a partir desta sexta-feira, 1º de outubro. Além da reunião virtual, as entidades ainda enviaram ao gabinete do reitor um documento, que pode ser lido aqui, com uma série de dúvidas a respeito das condições para o retorno.
Cláudia Amaral, secretária geral do Sinasefe, lembrou que, se o sindicato vem questionando a forma açodada e vertical com que a reitoria elaborou a portaria do retorno, é porque se preocupa com o bem-estar e com a saúde – física e emocional – dos trabalhadores e trabalhadoras de sua base. “Queremos que o senhor pense com mais cuidado nessa questão e revogue ou retifique a portaria, tornando mais claros e objetivos os pontos que levantamos no documento”, defende a dirigente.
Miriane Fonseca, uma das coordenadoras gerais do Sinasefe, também se fez presente à reunião e reforçou a importância de que o retorno à presencialidade na instituição seja construído de forma coletiva, escalonada e segura.
“Tenho certeza de que, assim como eu, outros colegas tiveram dificuldades de adaptação ao trabalho em home office. Agora, precisamos de um tempinho para nosso psicológico se adaptar a esse retorno presencial – talvez promovermos rodas de conversa e debates com a comunidade. Sabemos da seriedade do trabalho de todos os envolvidos [na elaboração da portaria nº 32], mas também queremos nos envolver. Poderia ter sido feita uma minuta, encaminhada às entidades e unidades de ensino, promovendo uma discussão coletiva dentro dessas unidades. Quanto mais pessoas discutem, mais construímos algo que vem ao encontro das aspirações da comunidade. Queremos retornar, mas considero prematura a implementação da portaria a partir de primeiro de outubro”, ponderou a docente.
Cabe destacar que, entre a publicação da portaria nº 32 e a data indicada para retorno presencial, transcorrerão apenas oito dias – tempo considerado insuficiente para que servidores, há mais de um ano em trabalho remoto, reorganizem suas rotinas. Se a entrada no trabalho remoto foi feita de forma abrupta, tendo em vista a celeridade com que a pandemia afetou a região, o retorno à presencialidade pode ser realizado de forma mais negociada e cautelosa. É o que vêm defendendo as entidades.
A todo o momento, não só as diretoras do Sinasefe, mas representações das outras entidades presentes à reunião com a reitoria, destacaram que nenhum servidor docente ou técnico-administrativo em educação é contrário ao retorno. O que se pretende, na verdade, é que esse retorno seja debatido amplamente, de preferência em uma audiência pública com a comunidade universitária, para ouvir as angústias e especificidades de cada setor. Miriane inclusive frisou que o objetivo seria estabelecer prazos e datas para que o retorno fosse acontecendo.
Reitoria não revoga portaria
Frente ao apelo das entidades para que a portaria 32 fosse revogada e outra, elaborada com participação dos segmentos e mais sensível às adaptações estruturais e psíquicas necessárias ao retorno, ocupasse seu lugar, o reitor Paulo Burmann acenou negativamente.
Ao garantir que o retorno vem sendo discutido já há bastante tempo na instituição e que a portaria foi construída pelo COE (Centro de Operações de Emergência em Saúde para Educação), Burmann disse que não há motivos para revogar a decisão de que as atividades administrativas presenciais retornem nesta sexta, 1º. A determinação, neste momento, é de que metade dos servidores trabalhe no turno da manhã, e a outra metade no turno da tarde, o que tornaria mais facilitado o distanciamento entre as pessoas.
Ocorre que o prazo dado pela portaria foi tão curto que diversas unidades ainda nem se reuniram para decidir quais servidores irão cumprir o expediente de manhã, e quais o cumprirão à tarde. Faltando dois dias para a entrada em vigência da portaria, essas dúvidas ainda pairam na cabeça dos trabalhadores, bem como questionamentos referentes à capacidade da internet do campus em suportar uma grande quantidade de aulas e atividades online ao mesmo tempo.
A aquisição de máscaras – se será de responsabilidade de cada servidor ou se a instituição fornecerá; o convívio com servidores que optaram por não se vacinar e podem colocar em risco a saúde dos colegas; e a situação das servidoras gestantes ou responsáveis pelo cuidado com os filhos (muitos dos quais ainda não retornaram às escolas) também estão expressas no documento enviado hoje pelas entidades à Administração Central.
“Ressaltamos que, da mesma maneira que os(as) servidores(as) se dispuseram a manter suas atividades de modo remoto, adaptando-se à situação, utilizando seus próprios recursos (equipamentos, energia elétrica, internet, etc.) para que a universidade não parasse, estarão à disposição para retomar o trabalho presencial, desde que tenham as condições de biossegurança necessárias para assegurar sua saúde”, finalizam as entidades no documento.
O Sinasefe Santa Maria promove assembleia na manhã desta quarta-feira, 29, para discutir um posicionamento da categoria com relação à portaria nº 32. A plenária inicia às 9h, em primeira chamada, e o link de acesso à sala virtual foi enviado por email aos sindicalizados.