Júri da Kiss inicia sob forte mobilização por justiça para as vítimas e sobreviventes

 Júri da Kiss inicia sob forte mobilização por justiça para as vítimas e sobreviventes

O júri do caso Kiss teve início na última quarta-feira, 1º de dezembro, em Porto Alegre. Quase nove anos após a tragédia que vitimou 242 jovens e deixou mais de 600 feridos, quatro pessoas sentam no banco dos réus: Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, os dois sócios da boate; o músico Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor cultural Luciano Bonilha, da banda Gurizada Fandangueira, que fazia o show na noite do incêndio. Na tarde da terça, 30, um grupo de 40 familiares de vítimas e sobreviventes embarcaram para a capital gaúcha a fim de acompanhar o julgamento.

Durante os 106 meses que transcorreram entre a madrugada do dia 27 de janeiro de 2013 e hoje, os e as familiares das vítimas e sobreviventes da tragédia, em conjunto com diversas entidades e movimentos sociais, têm sido incansáveis na busca por justiça para a tragédia considerada evitável.

No último sábado, 27 de novembro, um ato em Santa Maria marcou o último dia 27 antes do início do júri. Saindo da Praça Saldanha Marinho, onde fica a tenda da vigília, a caminhada rumou para a frente da boate, na rua dos Andradas, onde foram veiculados vídeos de pais, mães, irmãos e personalidades públicas, que conclamavam a sociedade santa-mariense a reforçar a mobilização contra a impunidade.

Na página da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de SM (AVTSM), vêm sendo publicados vídeos de familiares em busca por responsabilização. Um deles é de Flávio Silva, presidente da Associação, que gravou depoimento ao documentarista Luiz Alberto Cassol externalizando uma das angústias que tem o maltratado no último período.

“Para minha surpresa, eu fui arrolado como testemunha pelo advogado de defesa de um dos principais réus responsáveis pela morte da minha filha. Até hoje não consigo entender essa atitude de crueldade […] Isso foi um choque muito forte para mim, pois eu não entendia por que eu, que não estava na boate na noite que aconteceu a tragédia, fui arrolado por esse advogado para testemunhar para o réu que matou a minha filha. Isso me atormentou, abalou minha saúde. Hoje, às vésperas do júri, eu sofri uma isquemia cardiovascular. Foram muitos dias pensando nesse ato cruel e desumano desse advogado”, disse Silva, referindo-se a Jader Marques, advogado de defesa de Elissandro Spohr. Mais recentemente, numa readequação das testemunhas, o nome de Silva saiu do rol de testemunhas. Silva é pai de Andrielle Righi da Silva, uma das vítimas fatais do incêndio.

O Sinasefe Santa Maria expressa seu apoio ativo aos familiares e sobreviventes, e se coloca ao lado deles e delas na luta por justiça, por memória e por respeito às vítimas e às famílias.

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Bruna Homrich

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