Politécnico e Ctism retomam aulas presenciais, mas apontam preocupações com segurança sanitária

 Politécnico e Ctism retomam aulas presenciais, mas apontam preocupações com segurança sanitária

O Colégio Politécnico retomou as aulas presenciais nesta terça-feira, 9 de novembro, e o Colégio Técnico-Industrial de Santa Maria (Ctism) retornou à presencialidade na segunda, 8 – ambos em meio a algumas incertezas e angústias por parte de docentes, estudantes e familiares.

Um dos motivos que gera insegurança na comunidade escolar é o fato de a maioria dos alunos e alunas não estarem com o esquema vacinal completo, ou seja, com a segunda dose da vacina contra a Covid-19. É apenas 15 dias após o reforço do imunizante que a protetividade contra o vírus é efetiva.

Cláudia Amaral, Secretária Geral do Sinasefe Santa Maria, lembra que na UFSM, ao contrário de em outras universidades com a UFRGS ou a FURG (Rio Grande), não se pode exigir o passaporte vacinal, de forma que não há garantia de que, nos ambientes coletivos da universidade, transitem e convivam apenas pessoas já imunizadas.

Os e as estudantes que retornam agora também não possuirão acesso às refeições do Restaurante Universitário – visto que a estrutura ainda se encontra fechada, nem à maior parte dos bebedouros. No Politécnico, por exemplo, só terá um bebedouro para a comunidade. A impressão é de que a universidade está voltando aos poucos, porém  não há um plano coletivo e coeso que dê conta de garantir a estrutura necessária a uma presencialidade de qualidade.

Frente a esse cenário, o Politécnico deliberou que o retorno presencial será facultativo aos e às estudantes. Assim, as aulas ocorrerão no campus da UFSM para aqueles e aquelas que voltarem, mas também serão transmitidas online para quem necessitar seguir no modelo remoto.

Isso também traz algumas preocupações. “Certamente a qualidade do som, principalmente para quem estará em casa, fica um pouco prejudicada. Depende, por exemplo, dos ruídos da sala, dos ecos. Os pais também demonstraram preocupação quanto à avaliação – como será para os que estão presencialmente e para os que estão em casa. Isso ainda não está resolvido também. Precisa ser melhor discutido”, compartilha a dirigente do Sinasefe. Já aos e às docentes o retorno será obrigatório – excetuando-se aqueles e aquelas portadores de comorbidades, ou com mais de 60 anos.

O retorno das aulas no Poli e no Ctism obedece decreto estadual emitido pelo governador Eduardo Leite e que previa a obrigatoriedade de aulas presenciais em escolas públicas gaúchas a partir da segunda, 8 de novembro. O entendimento da Assessoria Jurídica da UFSM foi de que os colégios federais, por serem públicos, também deveriam atender à determinação do governo do estado.

Contudo, o tempo de preparo para o retorno foi apertado. “Achamos que poderíamos ter esperado um pouquinho mais. Em algumas escolas públicas o retorno será só no dia 16, para que se possa preparar melhor o ambiente e os servidores. Também não tivemos o preparo emocional para esse retorno”, complementa Cláudia.

Força-tarefa

Adão Damasceno, técnico-administrativo lotado no Ctism e Secretário de Carreira e de Relação de Trabalho do Sinasefe Santa Maria, explica que sua unidade vinha organizando o retorno presencial para o mês de janeiro. Contudo, o novo decreto estadual acelerou o processo, encurtando o tempo para promover as adequações necessárias.

“De modo geral, organizou-se, junto aos coordenadores e professores, um cronograma de retorno, variando conforme a modalidade. Assim, por exemplo, os cursos técnicos integrados ao ensino médio continuarão a ter aulas virtuais e, no contraturno, passarão a ter as aulas presenciais. Por sua vez, nos cursos técnicos subsequentes e EJA-EPT, as aulas práticas presenciais ocorrerão no turno regular, em dias específicos. Evidentemente, a volta à presencialidade obedecerá aos protocolos de segurança contra a Covid-19, mormente o Manual de Biossegurança da UFSM, com disponibilização de álcool em gel, uso obrigatório de máscaras e distanciamento”, explica o dirigente.

Se o Ctism conseguiu, ainda que aceleradamente, dar conta de condições mínimas de segurança, é porque o colégio, como um todo, construiu uma verdadeira força-tarefa, que envolveu desde os e as trabalhadores da limpeza, até a direção geral. É o que compartilha Damasceno.

“No entanto, saliente-se que muitas questões que ultrapassam a competência da gestão escolar constituem óbices ao pleno retorno dos estudantes, a exemplo de moradia (muitos alunos estão residindo em outras cidades, com a família), transporte público (horários de ônibus) e alimentação (Restaurante Universitário). Em todo caso, a fim de não prejudicar nenhum aluno, o colégio analisará cada caso individualmente, desde que justifique não poder comparecer neste momento”, conclui.

Desde o início da pandemia, o Sinasefe, tanto a nível local quanto nacionalmente, vem reivindicando, em unidade com diversas outras entidades sindicais, estudantis e sociais, o direito à vacinação ampla, democrática e célere da população. A vacina, inclusive, sempre foi colocada como critério central para a definição ou não de um plano de retorno presencial nas Instituições Federais de Ensino.

Bruna Homrich

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