Sinasefe suspende greve, mas reforça mobilização contra desmandos do governo
Em sua 175ª Plenária Nacional (Plena), ocorrida no dia 29 de junho, o Sinasefe deliberou pela suspensão da greve por tempo indeterminado e pelo retorno ao estado de greve, com reforço da mobilização nas bases e da pressão contra os desmandos do governo Bolsonaro – dos quais são exemplos os cortes orçamentários responsáveis por penalizarem o funcionamento das universidades e institutos federais, e a negativa do Executivo federal em negociar a pauta de reivindicações apresentada pelo conjunto das servidoras e servidores públicos federais.
A suspensão da greve deverá ser votada em assembleias de base a serem realizadas entre os próximos dias 4 e 15 de julho, contudo, uma vez que a orientação é instituir um estado de greve, o movimento paredista pode retornar a qualquer momento, a depender de novas avaliações realizadas.
A greve do Sinasefe chegou a contar com a adesão de 11 seções sindicais. Cabe destacar que a seção de Santa Maria avaliou não aderir ao movimento neste momento, tendo em vista a necessidade de fortalecer a mobilização e ampliar o debate coletivo na base.
7 de julho: Dia Nacional de Luta
A decisão de suspender a greve momentaneamente não significa, nem de longe, que o Sinasefe se ausentará da luta. Em sua 175ª Plena, a entidade aprovou transformar a próxima quinta-feira, 7 de julho, em um Dia Nacional de Mobilização, Paralisação e Luta Contra os Cortes de Verbas da Educação Federal.
A ideia é que, em cada base do sindicato (e dentro da capacidade de mobilização de cada seção sindical), sejam promovidos debates, atos, paralisações, panfletagens ou demais atividades que chamem atenção para as políticas de desmonte orquestradas pelo governo Bolsonaro contra a educação pública.
Os cortes (na casa dos 14,5%) anunciados em 27 de maio foram consolidados nessa última semana (em 7,2%). Retirados das Universidades, Institutos Federais e Cefets, tais recursos vêm sendo transferidos para o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), conforme a portaria nº 5.649/2022 do Ministério da Economia, publicada em 23 de junho no Diário Oficial da União (DOU).
Com esse remanejamento, segundo levantamentos feitos pela Andifes e pelo Conif, as Instituições Federais de Ensino (IFEs) perderam, juntas, R$ 619 milhões do orçamento discriminado só no mês de junho.
Jornada de Lutas
O dia 7 de julho integrará, na verdade, um calendário mais amplo. Trata-se da Jornada de Luta Pela Recomposição dos Orçamentos, Pela Reposição Salarial e Pela Negociação Coletiva Contra as Privatizações, marcada para acontecer do dia 4 ao dia 7 de julho (desta segunda até a quinta-feira).
Convocada pelo Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais), a jornada contará com caravanas saindo dos estados rumo a Brasília (DF), com o objetivo de defender os serviços públicos e a recomposição salarial dos servidores (da ordem de 19,99%); cobrar respostas do Governo Federal sobre a Campanha Salarial 2022 e lutar contra a privatização das estatais – em especial os Correios, a Petrobras, a Eletrobras e o Dataprev.
Veja, abaixo, a programação completa da Jornada de Lutas na capital federal:
Programação
04/07
- Dia todo – Recepção aos parlamentares – Aeroporto de Brasília-DF
05/07
- 07:00 às 10:00 – Recepção aos parlamentares – Aeroporto de Brasília-DF
- 14:00 às 18:00 – Ato contra as privatizações e pela recomposição dos orçamentos – Anexo II da Câmara dos Deputados
06/07
- 08:00 às 12:00 – Reunião com os parlamentares sobre os orçamentos – Congresso Nacional
- 14:00 às 18:00 – Vigília pela recomposição dos orçamentos – Anexo II da Câmara dos Deputados
- 14:00 às 18:00 – Visitas aos gabinetes dos parlamentares pela recomposição dos orçamentos – Anexo IV da Câmara dos Deputados
07/07
- 10:00 às 12:00 – Ato pela CPI do Ministério da Educação – Anexo II do Senado Federal
Abaixo, vídeo de convocação para a Jornada, elaborado pela Direção Nacional do Sinasefe e pelo Comando Nacional de Greve (CNG):
A potência das Jornadas de Lutas
Cabe lembrar que, em uma das últimas vezes em que as servidoras e servidores públicos protagonizaram jornadas de luta em Brasília e nos estados, foi suspensa a tramitação da Reforma Administrativa (PEC 32/20).
À época em debate na Câmara de Deputados, a matéria era prioridade do governo Bolsonaro e só não foi votada porque, no final de 2021, o funcionalismo público encampou mobilizações por semanas consecutivas, visitando gabinetes de parlamentares, recepcionando deputados nos aeroportos e tentando, por diversos meios, sensibilizá-los e pressioná-los a não votarem a Reforma que representaria um passo largo rumo à destruição dos serviços públicos no Brasil.