Sindicalizadas debatem sub-representação feminina em ambientes de ensino

 Sindicalizadas debatem sub-representação feminina em ambientes de ensino

Na última sexta-feira, 15 de março, o Sinasefe de Santa Maria promoveu o 2º Encontro de Mulheres da seção sindical, em celebração ao mês da mulher. No encontro, realizado no Auditório do Colégio Politécnico da UFSM, as participantes do encontro assistiram ao vídeo “por que deveríamos ser todos feministas”, da escritora contemporânea feminista Chimamanda Ngozi Adichie, e, posteriormente, se propuseram a discutir em torno da palestra, dada em 2012, ao TED Talks.

Conforme explica a escritora, a sociedade ensina às mulheres a terem ambição, mas essa ambição não pode ser muito grande, da mesma forma é dito a elas que devem ser bem sucedidas, mas não tanto a ponto de ameaçar os homens. Por meio de exemplos como esses, a pensadora discorre ao longo do vídeo acerca da importância de pensarmos um mundo diferente, em que todos, homens e mulheres, sejam feministas. Assim, ela acredita que podemos evoluir socialmente. 

A partir de histórias pessoais, Chimamanda expõe as definições do que é feminismo no século XXI. Assista à palestra abaixo:

Finalizada a palestra, as diretoras sindicais presentes no evento deram início a um diálogo a respeito do que foi levantado no vídeo, destacando a sub-representatividade das mulheres nos ambientes de ensino em que trabalham. Na UFSM, conforme exemplificou a Diretora da Sedufsm, Neila Baldi, nunca houve uma reitora do gênero feminino em mais de 60 anos de instituição. O mais perto que uma mulher já chegou desse cargo foi com a Martha Adaime que ocupa atualmente a posição de Vice-Reitora da Universidade, cargo que antes também só havia sido preenchido por homens.

Nas demais posições de chefia da UFSM o cenário não é muito melhor. De acordo com informações atuais fornecidas pelo UFSM em Números, 343 mulheres (tanto docentes quanto Técnicas-Administrativas em Educação – TAEs) chefiam os departamentos da Universidade, enquanto 422 homens ocupam os demais cargos de chefia. Contudo, é válido destacar que, dentre tais cargos, as chefias de mais alto nível ainda são pouco ocupadas por mulheres, como as funções de pró-reitor. De nove reitorias, apenas duas são chefiadas por mulheres. Já nas direções das unidades de ensino, cinco das 11 direções são comandadas por pessoas do gênero feminino.

No Colégio Militar de Santa Maria (CMSM), a situação se repete: mulheres não ocupam os cargos de maior poder, mantendo a subordinação feminina ao homem nas relações empregatícias, o que, conforme relata a Coordenadora Geral do Sinasefe de Santa Maria e Professora do CMSM, Adriana Bonumá, reflete na falta de desenvolvimento de políticas equitativas dentro do contexto de trabalho.

Quem traz à tona uma dessas situações é a Pró-Reitora Substituta da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), Cassiana Marques, primeira mulher negra a atuar em uma das chefias das reitorias. Segundo ela, a UFSM ainda peca na inclusão de medidas que auxiliem mulheres que exercem a maternidade, uma vez que ela não consegue nem mesmo participar de uma reunião escolar de sua filha de forma justificada para a UFSM. Em sua visão, isso é um entrave básico que não deveria ser uma questão-problema para as mães que trabalham na instituição. 

No mesmo sentido, outras participantes da palestra lembraram que muitos Centros do campus sede ainda não possuem trocadores de fralda nos banheiros e, nos poucos locais que possuem, os possuem apenas no banheiro feminino, reforçando o estereótipo de gênero de que cabe às mulheres o papel de cuidar dos filhos e trocar suas fraldas.

Confraternização entre sindicalizadas

Posteriormente aos debates em torno da palestra de Chimamanda Ngozi Adichie, as participantes da atividade ganharam mimos das diretoras do sindicato e puderam seguir conversando enquanto apreciavam os canapés oferecidos pelo Sinasefe.

Na visão da Secretária de Comunicação e Formação Política Sindical, Miriane Fonseca, o evento proporcionou reencontros, reflexões e momentos de descontração às filiadas: ‘’todas nós estamos ávidas por mudança, pela construção coletiva de uma sociedade em que não tenhamos mais que lutar para sermos quem somos, para ocuparmos todos espaços legitimamente e com igualdade de gênero’’, avalia positivamente a diretora sindical.


Texto e imagens: Laurent Keller

Edição: Fritz Nunes

Laurent Keller

Estudante de jornalismo.

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