#DicadoSinasefe: em celebração ao mês dos povos indígenas, sindicato indica livros de escritores nativos originários
Em 9 de agosto é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, data criada em 1995, quando a ONU promoveu uma das primeiras reuniões que viriam a originar, em 2007, a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Desde então, todo o mês de agosto, não somente o dia 9, é reconhecido por esta causa. Por isso, o Sinasefe aproveita o momento para indicar três obras literárias escritas por indígenas.
Além deste mês, o dia 19 de abril também é importante para os grupos originários, porque marca o Dia de Luta e Resistência dos Povos Indígenas, data em que se destaca a denúncia de violações de direitos, como a invasão de terras indígenas.
Confira, abaixo, as dicas culturais:
Ideias para adiar o fim do mundo
Escrito por um dos maiores líderes contemporâneos do movimento indígena brasileiro, Ailton Krenak, o livro apresenta reflexões acerca do antropocentrismo, que provocam os leitores a repensarem seu modo de viver.
Sinopse: ‘’Uma parábola sobre os tempos atuais, por um de nossos maiores pensadores indígenas. Ailton Krenak nasceu na região do vale do rio Doce, um lugar cuja ecologia se encontra profundamente afetada pela atividade de extração mineira. Neste livro, o líder indígena critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza, uma “humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô”. Essa premissa estaria na origem do desastre socioambiental de nossa era, o chamado Antropoceno. Daí que a resistência indígena se dê pela não aceitação da ideia de que somos todos iguais. Somente o reconhecimento da diversidade e a recusa da ideia do humano como superior aos demais seres podem ressignificar nossas existências e refrear nossa marcha insensata em direção ao abismo. “Nosso tempo é especialista em produzir ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar e de cantar. E está cheio de pequenas constelações de gente espalhada pelo mundo que dança, canta e faz chover. […] Minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história.” Desde seu inesquecível discurso na Assembleia Constituinte, em 1987, quando pintou o rosto com a tinta preta do jenipapo para protestar contra o retrocesso na luta pelos direitos indígenas, Krenak se destaca como um dos mais originais e importantes pensadores brasileiros. Ouvi-lo é mais urgente do que nunca. Ideias para adiar o fim do mundo é uma adaptação de duas conferências e uma entrevista realizadas em Portugal, entre 2017 e 2019.’’
‘’A vida não é útil’’ é outra obra famosa do autor.
Projetos e presepadas de um curumim na Amazônia
Da autoria de Edson Kayapo, integrante do povo Mebengokré, a obra é uma autobiografia, em que o escritor conta desde sua rotina na aldeia, até seu ingresso em um colégio interno. Atualmente, o autor, além de ativista e ambientalista, é Doutor em Educação e professor do Instituto Federal da Bahia e da Universidade Federal do Sul da Bahia. Com este livro, recebeu um prêmio da UNESCO, em 2020.
Sinopse: ‘’No livro Projetos e presepadas de um curumim na Amazônia, o autor Edson Kayapó conta sua própria história de vida. Desde a sua rotina na aldeia indígena de que fazia parte, no Amapá, até sua mudança para estudar em um colégio interno – e como esse fato foi determinante para a sua vida profissional. O livro, escrito como uma autobiografia, instiga o leitor a valorizar a natureza, os povos indígenas do Brasil e a respeitar a cultura formadora de nosso país, pois é fundamental “viver em harmonia com a natureza, sem necessidade de destruí-la para obter a nossa sobrevivência, e respeitar o próximo em toda a sua diversidade, sem preconceitos”, como assegura o autor no final da obra.’’
Outra obra famosa do autor: ‘’Um estranho espadarte na aldeia’’.
.
Coração na aldeia, pés no mundo
Redigido por Auritha Tabajara, o livro é o primeiro em formato de cordel a ser publicado por uma mulher indígena no país. Na obra, a autora conta sua própria história a partir de três perspectivas: como indígena; enquanto mulher em cidades grandes; e como integrante da comunidade LGBTQIA+.
Sinopse: ‘’Em seu primeiro livro, a cordelista Auritha Tabajara, se utiliza da força da palavra para ganhar o mundo. Em sua jornada a força da mulher nordestina, indígena, sonhadora e guerreira se encontram com a sutileza poética, característica da autora. Ilustrado com xilogravuras de Regina Drozina, esta preciosa obra chega ao público através do selo Uk’a Editorial, reforçando seu compromisso com a literatura indígena contemporânea.’’
As sinopses aqui expostas foram reitradas do site da LIVRARIA MARACÁ, especializado na literatura indígena brasileira.
Texto: Laurent Keller
Edição: Bruna Homrich