Diferentes colégios, mesmos problemas: conheça demandas dos sindicalizados

 Diferentes colégios, mesmos problemas: conheça demandas dos sindicalizados

Rejeição ao ponto eletrônico, carreira desestruturada, equipamentos defasados e mudanças nas estruturas de ensino são alguns dos principais problemas citados por servidores e servidoras ligados(as) aos colégios vinculados ao Sinasefe de Santa Maria. Mesmo possuindo logísticas, públicos e comandos diferentes uns dos outros, sindicalizados(as) trazem à tona adversidades semelhantes que precisam ser discutidas amplamente.

Um dos principais pontos levantados durante as entrevistas diz respeito à reestruturação de carreira e à recomposição salarial dos trabalhadores da educação federal, especificamente aos vinculados às carreiras de técnico-administrativos (PCCTAE) e docentes, Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) conforme destaca o docente do Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM), Marco Bandeira: ‘’é de extrema importância a luta por melhores condições de trabalho e melhorias salariais’’. Desde o dia três de abril, o sindicato nacional está em greve por conta, além de outras demandas, da não resolução das problemáticas relacionadas a tais temas, apresentadas ao governo federal em agosto de 2023. Ainda agora (junho de 2024) as demandas não foram atendidas em sua plenitude, exigindo que o Sinasefe mantenha a pressão sobre a gestão Lula para garantir seus direitos. Nos documentos, é lembrado que os TAEs possuem a pior remuneração do serviço público federal, e que os docentes de carreira EBTT precisam ter os salários reparados pelas perdas inflacionárias do período entre 2010 e 2022. 

Somado a isso, os trabalhadores clamam pela valorização da formação continuada dos professores, que têm sofrido com a precarização de seus trabalhos há anos, conforme relata a Secretária de Pessoal e docente do Colégio Politécnico da UFSM, Cláudia do Amaral: ‘’a gente percebe. Eu comecei a trabalhar em 2010 como professora efetiva e, agora, noto o quanto o trabalho foi se modificando ao longo do tempo. Ele está bastante defasado e obviamente isso interfere no trabalho das pessoas no cotidiano, na motivação para estar aqui’’. No mesmo sentido, a Coordenadora Geral do Sinasefe de Santa Maria e professora do Colégio Militar de Santa Maria (CMSM), Adriana Bonumá, acredita que este é o momento ideal para que o sindicato lute por melhorias para as carreiras: ‘’passamos por um período bastante duro, em que não havia margem para negociação, em que nós passamos anos sem reajuste salarial, passamos anos vendo o ensino e a educação serem precarizados, e as condições de trabalho também serem precarizadas. Então, esse é o momento de corrermos atrás desse prejuízo’’, defende Adriana.

A diretora da seção sindical também elucidou outro entrave que vem sendo enfrentado pelos docentes EBTT: a possível implementação do ponto eletrônico, que está sendo exigido pelo Poder Judiciário. Para o sindicato, a medida não trata com isonomia as carreiras do magistério superior e EBTT, além de desconsiderar o trabalho desempenhado fora do ambiente escolar, conforme explica Adriana: ‘’o trabalho do docente não se exaure na jornada de trabalho dentro da escola. O docente carrega muito trabalho para casa, talvez em casa faça até mais do que na escola. Então, existe uma incoerência, porque o ponto conta apenas enquanto estamos trabalhando na escola, e o período que a gente está em casa, no turno da noite, no contraturno, nos finais de semana e nos feriados não é computado’’, enfatiza a docente.

No âmbito local, Cláudia do Amaral e a docente do Ipê Amarelo, Cláucia Honnef, destacam a desvalorização que os colégios da UFSM sofrem, comparados aos centros voltados ao ensino superior. Segundo Cláucia, o desenvolvimento do trabalho no Ipê é dificultado por conta da qualidade de impressoras e computadores que já está defasada. Já no Politécnico, Cláudia percebe que por vezes os ensinos técnico e médio são ‘’esquecidos’’ pela reitoria, como no momento de publicar uma normativa, por exemplo. Recentemente, com a paralisação das aulas em decorrência das fortes chuvas de maio, a instituição não recebeu uma orientação específica acerca do retorno às aulas.

A implementação do Novo Ensino Médio também têm sido motivo de preocupação entre os(as) professores(as) entrevistados(as), considerando principalmente as possíveis consequências que as alterações nas cargas horárias e nos conteúdos podem causar a médio e a longo prazo para os estudantes. 

Sindicato fortalecido, lutas fortalecidas

Pensando em todas as problemáticas levantadas pelos docentes, o Coordenador Geral do Sinasefe SM e professor do CTISM, José Abílio de Freitas, acredita que, somente por meio de um sindicato fortalecido, serão alcançados os direitos pelos quais os(as) servidores(as) vêm reivindicando: ‘’a presença dos novos sindicalizados é importante para mantermos, pelo menos, os direitos que nós ainda temos no dia a dia. A todo instante, nós, enquanto sindicato, precisamos buscar meios, mecanismos e canais de comunicação com as pessoas a fim de demonstrar o nosso trabalho e engajamento em cima das causas importantes da nossa base.’’ Nesse sentido, o docente defende que haja uma união também com os demais sindicatos, pois as lutas de cada um caminham lado a lado. 

Pensando nestas questões, é importante que os sindicalizados e, principalmente, quem estiver interessado em se filiar ao Sinasefe, tomem conhecimento de quais instituições são contempladas pela seção sindical. Confira abaixo: 

  • Colégio Militar de Santa Maria (CMSM)
  • Colégio Politécnico da UFSM
  • Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM) 
  • Instituto Federal Farroupilha (IFFar)
  • Ipê Amarelo

Caso faça parte de uma destas instituições e tenha se interessado em apoiar a luta sindical, entre em contato conosco, por meio do e-mail sinasefesm@gmail.com, para esclarecer possíveis dúvidas sobre a sindicalização. Se preferir realizar diretamente sua filiação, acesse aqui.


Texto: Laurent Keller

Imagens: arquivos pessoais, Google Fotos e Freepik

Edição: Fritz Rivail

Laurent Keller

Estudante de jornalismo.

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