Questões previdenciárias e direito de greve em debate no 9º Encontro Jurídico do Sinasefe

 Questões previdenciárias e direito de greve em debate no 9º Encontro Jurídico do Sinasefe

Teve início na última quinta-feira, 28 de abril, o 9º Encontro Jurídico Nacional do Sinasefe. Com o tema “O Jurídico como instrumento de defesa dos trabalhadores”, o evento se estende até este sábado, 30 de abril, de forma híbrida (presencial e remota), contando com dezenas de dirigentes das seções sindicais espalhadas pelo país.

O Sinasefe Santa Maria está representado no Seminário por três diretores: Milton Ferrari, coordenador geral; Cláudio Kelling, tesoureiro geral; e Cláudio do Nascimento, secretário de aposentados. De forma virtual participam, também, Adriana Bonumá, Secretária de Assuntos Legislativos e Jurídicos; Adão Damasceno, Secretário de Carreira e de Relação de Trabalho; Alejandro Lezcano, Secretário Pessoal; e Roselene Pommer, Secretária de Comunicação, Formação Política e Sindical.

Até então, o evento conta com a participação de 105 servidores/as representando 33 seções sindicais. No modo presencial, registra-se a presença de 24 sindicalizados(as) e 22 de advogados(as). Já no modo online, participam 31 sindicalizados(as) e 28 advogados(as).

Da esquerda para a direita: o coordenador geral, Milton Ferrari; o tesoureiro geral, Cláudio Kelling; e o Secretário de Aposentados, Cláudio do Nascimento.

Reforma da Previdência em debate no 1º dia

Um dos temas exaustivamente debatidos na quinta, primeiro dia de evento, foram os impactos da Reforma da Previdência (Emenda Constitucional 103/2019) para as servidoras e servidores da Rede Federal. Liderada pela advogada Luciana Rambo, do escritório que presta assessoria jurídica ao Sinasefe, a explanação detalhou as principais modificações e prejuízos da Reforma ao sistema previdenciário de docentes e técnico-administrativos em educação. Questões relativas ao tempo de contribuição, às regras para cálculo dos proventos, ao abono de permanência, às alíquotas previdenciárias, às novas idades mínimas para se reivindicar aposentadoria e às novas regras de transição foram abordadas. Em anexo, ao final desta matéria, disponibilizamos para download a apresentação em Power Point elaborada pela assessoria jurídica e apresentada durante o evento.

“Houve um debate bastante intenso com participação dos colegas presentes e das assessorias jurídicas, todos com perguntas pertinentes à Reforma da Previdência, como suas causas e consequências na realidade dos professores e técnico-administrativos em educação federais”, comenta Cláudio do Nascimento.

Aferição de jornada

No primeiro dia do Encontro Jurídico, outro tema a requerer a atenção das e dos participantes foi a implantação do ponto eletrônico para aferição do controle de jornada em universidades e institutos federais. Intitulada “Implantação de ponto eletrônico para servidores públicos federais: legislação. Aferição de frequência para docentes e para TAEs: portarias, instruções normativas e legislação”, a mesa contou com os advogados Emmanuel Martins (assessor jurídico das seções IFSC, Litoral-SC e Videira-SC) e José Luis Wagner (advogado e Diretor Presidente no escritório Wagner Advogados Associados, que presta Assessoria Jurídica para o SINASEFE).

“O debate foi muito importante porque cada um dos colegas presentes, dos diferentes campi, universidades e institutos, puderam expressar a preocupação com a realidade que cada local vive. Alguns lugares com problemas de equipamento, de gestão e de funcionamento desse ponto eletrônico. Também com relação à dificuldade de efetivar esse controle, uma vez que os servidores públicos federais vinculados às escolas técnicas, institutos federais e universidades possuem realidades muito distintas. A maioria realiza trabalho também na parte de pesquisa e extensão [além da docência]. Então, esse é um tema bastante complexo que permitiu a apresentação de casos reais vividos pelos colegas”, partilha Nascimento.

A resistência à implementação do ponto é uma das pautas do Sinasefe, visto que docentes do Magistério Federal não têm sua atividade laboral restrita à sala de aula, de forma que a maioria desenvolve ações no tripé constitutivo das universidades e institutos públicos:  ensino-pesquisa-extensão.

Ainda durante o primeiro dia, houve uma conversa sobre o “Enquadramento das carreiras dos Ex-Territórios. Decisão no Tema nº 1157 da Repercussão Geral do STF e reenquadramento, em novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração, de servidor admitido sem concurso público antes da Constituição Federal”, tendo como palestrantes Anselmo Paes (do escritório Wagner Advogados Associados) e Denyvaldo Júnior (advogado e assessor da seção Pimenta Bueno-RO, dos Ex-Territórios e do Sindsef-RO).

O Jurídico como aliado fundamental da ação sindical

A mesa que abriu os trabalhos no 9º Encontro Jurídico buscou lançar luz sobre a importância que o movimento sindical deve direcionar para construir assessorias jurídicas fortes e vigilantes. Milton Ferrari, coordenador geral do Sinasefe Santa Maria, avalia o papel a ser cumprido pelas advogadas e advogados que caminham ao lado dos sindicatos, seus dirigentes e suas bases.

“O sentido principal do sindicato é defender os interesses, anseios e aspirações do coletivo de trabalhadores e trabalhadoras. Nesse sentido, a presença de uma assessoria jurídica forte e competente serve para esclarecer e definir até que ponto estratégias podem ser usadas para enfrentar situações de autoritarismo, incompreensão ou aplicação indevida de leis, por exemplo. A assessoria jurídica é fundamental na definição de estratégias que a direção sindical precisa tomar na defesa segura dos trabalhadores. Esse evento está sendo muito importante para isso”, destaca Ferrari.

Direito de Greve

Já nesta sexta, 29, a primeira mesa de debates do 9º Encontro Jurídico abordou um dos temas mais caros ao Sinasefe neste momento: “Direito de greve – critérios de legalidade da greve pelo Judiciário – reajuste em ano eleitoral; o resgate do direito de greve no Brasil”. Os palestrantes da mesa foram Ronaldo Pagotto, advogado sindical e trabalhista que integra o Projeto Brasil Popular e educador da Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST; e Heverton Padilha, advogado e sócio no escritório Wagner Advogados Associados, trabalhando para as seções Alegrete-RS, Concórdia-SC, Rio do Sul-SC, Santa Maria-RS, Frederico Westphalen-RS, Santa Rosa do Sul-RS e Sertão-RS.

Cabe lembrar que o Sinasefe, junto aos outros sindicatos integrantes do Fórum das Entidades Nacionais dos(as) Servidores(as) Públicos(as) Federais(as) (Fonasefe) e do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), vem preparando uma Greve Nacional Unificada pela recomposição salarial de 19,99% a todas os(as) servidores(as), pela revogação da Emenda Constitucional 95 (do Teto de Gastos) e pela derrubada da Reforma Administrativa (PEC 32/20) na Câmara dos Deputados. Na última Plenária Nacional (Plena), o Sinasefe aprovou deflagração de greve por tempo indeterminado a partir do dia 16 de maio. Tal indicativo ainda será remetido para avaliação nas assembleias de base.

Confira quais as outras mesas realizadas durante o evento, bem como a cobertura real das discussões e encaminhamentos, no site nacional do Sinasefe.

Bruna Homrich

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