O respeito ao voto popular é tema de palestra promovida por entidades representativas

 O respeito ao voto popular é tema de palestra promovida por entidades representativas

Na última quinta-feira, 22 de setembro, o auditório da Sedufsm sediou o terceiro encontro do Grupo Práxis, intitulado ‘’Por democracia e direitos sociais: o respeito ao voto popular’’. Em conjunto com as demais entidades representativas, como o Sinasefe, o coletivo Práxis, formado por estudantes, docentes e técnico-administrativos da área de educação, promoveu a palestra com o intuito de fortalecer as práticas democráticas que, a menos de duas semanas das eleições, encontram-se ameaçadas pelo governo vigente.

Para agregar à conversa, foram convidados como palestrantes o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Justiça Federal (Sintrajufe/RS) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT/RS), Marcelo Carlini, e a professora do departamento de Direito da UFSM, Bia Oliveira. Além do debate, houve também uma apresentação musical, feita por Gisele Guimarães e Maninho Pinheiro.

Trecho da apresentação musical.
Marcelo Carlini

As ameaças à democracia

Carlini deu início ao diálogo relembrando os eventos do Dia da Independência, Sete de Setembro, festejo roubado por Bolsonaro, que se aproveitou do momento de comemoração do bicentenário da independência brasileira para fazer campanha política, o que não poderia ter feito enquanto representante do Estado. Contudo, esse foi só mais um dos desrespeitos do presidente à democracia. Isso porque ocorreram também ataques às urnas eletrônicas, como destaca o diretor do Sintrajufe/RS e da CUT/RS: “Bolsonaro passou o período inteiro [do seu mandato] ameaçando não reconhecer o resultado das eleições sob a justificativa da fraude nas urnas eletrônicas, o que é um negócio ‘’sem pé nem cabeça’’. E ele sabe disso, mas a ideia é jogar dúvidas sobre o processo eleitoral, isso que importa”

O palestrante ainda ressalta a medida descabida de permitir que militares fiscalizem 385 boletins de urna, paralelamente à contagem oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), visto que‘’lugar de militar não é contando voto’’.

Tudo isso cria um clima de golpe e de terror entre a população, que pode, inclusive, se abster de votar, devido ao medo de ser agredida de alguma forma por se expressar politicamente, como aconteceu com a vereadora Cleres Maria Cavalheiro Revelante (PT), que, neste mês, teve o carro atacado na traseira por outro motorista, por conter adesivos do PT.

A importância da mobilização popular

Apesar do cenário desanimador, Bia Oliveira acredita que o voto popular pode ser imposto se os sindicatos e movimentos sociais brasileiros se engajarem na mobilização social. Mas questiona:’’que resposta democrática queremos dar?’’. Para a professora, parte da sociedade brasileira está imersa em apatia política, isto é, perdeu, ao longo dos últimos anos, a crença nos processos políticos. Por isso, é tão importante que voltemos a construir esperança no poder do povo e em sua capacidade de mudar os rumos da política no Brasil.

Bia Oliveira

Ciclo de debates

A palestra de quinta-feira faz parte do ciclo de debates ’’Universidade e Democracia’’, organizado pelas entidades: Assufsm, Sedufsm, Atens, APG, DCE e pelo próprio Sinasefe. O encontro contou também com apoio da UAP, do Centro de Educação.

As edições anteriores do ciclo ocorreram em 2 de agosto, quando houve uma palestra com o professor do programa de pós-graduação em História da Unisinos, Hernán Ramírez; e em 30 de junho, quando o debate contou com a presença do professor de Filosofia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Adriano Correia.


Texto e imagens: Laurent Keller

Edição: Bruna Homrich

Laurent Keller

Estudante de jornalismo.

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