Desvalorização profissional provoca adoecimento mental entre docentes
Ao fim do setembro amarelo, mês de prevenção ao suicídio, dados revelam que a saúde mental das e dos docentes tem sido degradada nos últimos anos. O levantamento feito pela FlamingoEDU, em março de 2022, demonstra que 54% dos professores de educação superior de ensino privado e comunitário gaúcho consideram sofrer de uma piora em suas condições físicas e mentais, em comparação ao ano anterior, no auge da pandemia de covid-19. Para os entrevistados pela pesquisa, o sentimento de desvalorização no ambiente de trabalho tem só crescido, o que desmotiva os docentes a seguirem na luta pela educação.
A mesma consulta avaliou as considerações dos pesquisados a respeito da sobrecarga e a não remuneração de trabalho: mais de 50% dos professores relatam que houve acúmulo de funções, especialmente durante a pandemia, sem acréscimo em sua carga horária remunerada. Vale destacar que, antes mesmo da pandemia, os servidores já enfrentavam as consequências do desmonte educacional, como o congelamento dos salários de servidores públicos por cinco anos. Portanto, com a chegada do coronavírus, em março de 2020, o cenário de caos na educação pública somente escalonou: docentes precisando aprender novos métodos de lecionar, mexer em plataformas virtuais, prender a atenção de alunos desestimulados pela pandemia, lidar com conteúdos atrasados, e isso tudo fora as demandas de casa.
Para piorar, o governo Bolsonaro se aproveitou da aplicação do regime de ensino virtual provisório para tentar instituir permanentemente trabalhos no formato remoto, e aprovar leis que sucateiam institutos federais de ensino. Em meio a este panorama, o difícil seria os professores não adoecerem.
O declínio da saúde mental
Certamente, a pandemia causou danos significativos à saúde mental de todos brasileiros e brasileiras. Contudo, antes desse período, os transtornos mentais já eram vistos como um problema para a sociedade. Para se ter uma ideia, em pesquisa realizada em 2018 com professores da rede pública do Paraná, 70% dos entrevistados afirmaram sofrer de ansiedade; 44% de depressão; e 75% conviver com distúrbios psíquicos menores.
Já agora, em 2022, mesmo com o surto de coronavírus superado, 73% dos brasileiros e brasileiras contam que continuam impactados emocionalmente pelo isolamento social, segundo pesquisa feita pela Conversion. E, infelizmente, o futuro não se mostra positivo em relação ao adoecimento mental: de acordo com a OMS, até 2030, a depressão será a doença mais comum do mundo.
Pensando nesses fatores, o Sinasefe promoveu uma live sobre saúde mental, na última quinta-feira, dia 29 de setembro. Se você não a acompanhou ao vivo, basta acessar aqui para assistir ao vídeo.
Texto: Laurent Keller
Imagem: Adufes
Revisão: Bruna Homrich